terça-feira, 14 de junho de 2011

Olhar de anjo.

    Aquele dia começou de um jeito difícil, cheguei bem atrasada, estava chovendo muito e o ônibus atrasou bastante, me arrumei bem rápido e fomos para a nossa visita. No caminho brincávamos felizes, tentando descontrair o atraso que não foi só meu.
    Quando estávamos no corredor, pensando em conjunto, em qual enfermaria visitaríamos naquele dia, uma enfermeira passou e me disse que no Bloco F, tinha um menino chamado Joãozinho(nome ficticio) e que ele ia adorar nos ver, então falei para meus colegas para irmos lá e todos concordaram. Chegando lá, visitamos alguns quartos, brincamos, sorrimos e tudo saiu muito bem.
    Então entramos no penúltimo quarto, tinham algumas crianças que nós já conhecíamos, brinquei com uma menina linda, que pulava e sorria, acho que ela tinha apenas alguns meses, do lado do berço dela, percebi o sorriso de um menino, que  estava deitada de lado olhando pra mim enquanto eu fazia as bolinhas de amor para a menina, ele tinha uma sonda no nariz e usava outro aparelho que o  impedia de se mexer, muito pálido, percebi que ele só com o olhar me chamava, e por isso fui ao seu encontro, meus colegas estavam conversando/brincando com outras crianças do quarto. Me aproximei e perguntei se podia fazer as “bolinhas de amor” para ele, a resposta veio com um lindo sorriso e junto com esse sorriso ele falou:
- Faz sim! Eu gosto!
Nem pensei, fiz as bolinhas!
E como ele não podia pegar nelas, eu pegava uma bolinha e colocava na mãozinha dele, ele sorria, soprava as bolinhas como se fosse eu, fazia com a boca o som das bolinhas estourando...Foi mágico! Fiquei encantada. A cada brincadeira, a cada música que eu cantava , eram mais sorrisos sinceros, do seu olhar brotava uma esperança especial, não consigo explicar com palavras o que ele me passava. Ele parecia um anjo. Para mim foi como se, naquele momento nada mais existisse, o tempo parecia ter parado, eu poderia passar, dias, horas, ali brincando, sorrindo e amando aquele anjo.
O tempo havia passado mesmo, Dr. Severino fez um sinal, dizendo que tínhamos que ir, esse foi o momento mais difícil, me despedir do Joãozinho.
-  Joãozinho, agora vou ter que ir..  -  Falei, ele respondeu me interrompendo.
- Vai não! Por favor!
Aquele foi um momento, em que eu não sabia o que fazer, não dá pra mensurar a minha vontade de ficar perto dele mais tempo, mas nós tínhamos outras crianças para visitar.
-  Joãozinho(nome ficticio), eu vou ... Mas eu prometo que eu volto tá!?!
Ele somente sorriu, como se entendesse!
Mas aquele sorriso singelo, o olhar puro e a sua doçura...
Iluminaram todo o meu dia!

E jamais vou esquecer aqueles momentos e sempre vou orar pra que ele fique bem e se torne um homem cheio de vida.



Dra. Nina { Sarah Jorge }

 ( Essa é uma história real, escrita por mim, Sarah Jorge,   um vivência que tive durante o trabalho que faço { Palhaça de hospital} nos hospitais, isso aconteceu no Hospital Abert Sabin, em Fortaleza) -  Conheça o Nosso trabalho nos hospitais, com o Projeto Risoterapeutas de Plantão :

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